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Política para quem? Ausência das minorias reforça o debate nas dinâmicas de poder.


Quando falamos em diversidade, não nos restringimos somente à representação de diferentes grupos étnicos, mas também de inclusão de gênero, orientação sexual, classe social e PCD’s. Apesar do apelo em discutir cada vez mais a representatividade nos espaços, o cenário político brasileiro ainda é marcado por ausência de inclusão e pluralidade em seu sistema, formado em sua maioria por homens, brancos, heterossexuais e de classe alta.


Um dos aspectos mais gritantes dessa ausência se traduz na quantidade reduzida de mulheres presentes na política. Um estudo realizado pela União Interparlamentar, organização internacional responsável pela análise dos parlamentos mundiais, mostra que dentre 192 países, o Brasil aparece na 142° colocação do ranking de participação de mulheres na política nacional. Os dados, que foram atualizados em outubro, tem como base as eleições federais compreendidas entre 1997 e 2018.


O levantamento da organização aponta que as mulheres brasileiras ocupam 15% das cadeiras da Câmara dos Deputados. Em valores absolutos, 161 deputadas federais foram eleitas no último pleito eleitoral. Já no Senado Federal brasileiro o número é ainda menor: 12,4%.


Apesar da pouca representatividade, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as mulheres representam 51,5% da população total do país. Ou seja, apesar de constituírem mais da metade da população, a participação feminina nos espaços políticos é ostensivamente menor que a masculina. Como reflexo da sub-representação, o impacto é sentido nas políticas públicas, uma vez que as experiências e perspectivas das mulheres são necessárias para construção de uma sociedade igualitária.


Para além de questões de gênero, a diversidade étnica também se mostra escassa na política brasileira. Apesar de ser um país multicultural, isso não reverbera nos cargos políticos. Negros e indígenas, por sua vez, são grupos historicamente marginalizados e excluídos e sua sub-representação no ambiente político é um reflexo dessa desigualdade estrutural.


A falta de representação de pessoas LGBTQIAP+ também é importante ser discutida. Apesar dos avanços nas leis brasileiras, a presença nos espaços de poder ainda é mínima, silenciando as vozes de indivíduos que enfrentam barreiras na sociedade diariamente.

Já no âmbito de classes sociais, observamos que os cargos políticos são dominados por pessoas de maior poder aquisitivo, muitas, inclusive, vindas de famílias abastadas, o que só aumenta a distância entre a realidade de uma população predominantemente classe C (51,89%, segundo o IBGE).


É fundamental entendermos a dimensão, motivo e origem da hipocrisia que esse cenário retrata e reproduz. Para além de representatividade, há uma necessidade emergente de uma construção de uma democracia efetiva e igualitária. A diversidade promove perspectivas, experiências e conhecimentos que enriquecem debates e geram a criação de políticas públicas mais abrangentes, humanas e inclusivas.


Apesar disso, cabe enfatizar que a mudança não é instantânea, mas que transformar as estruturas, comportamentos e funcionamentos de uma sociedade demandam esforço e empenho em uma construção coletiva pautado no respeito, inclusão e reparação.


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