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Muito conteúdo, nada de novo.


Diariamente acesso canais de notícias para acompanhar desdobramentos e absorver novidades. O que vejo de novo? Pouca coisa.

Se excluirmos áreas como política, mundo, tecnologia e economia, pouco sobra para a reflexão. Nas colunas, uma série de reescritas acerca de temas já analisados, triturados e cansados. Raramente um olhar que realmente nos diga “wow! Que análise interessante! Vou ler até o fim”.

E sim leitores, esse também é só mais um texto opinativo, cansativo, repetitivo e triturado.

Vale destacar que não me refiro ao trabalho científico – que não está lá grandes coisas, mas sim às produções assinadas por especialistas das mais diversas áreas, numa necessidade constante de emitir opiniões e análises para que a rede o/a reconheça como autoridade no assunto.

Entendo toda essa obrigação (e não paro de pensar na minha parcela dentro desse grupo), mas também me sinto carente de novidades e análises que causem desconforto, reflexão e contraponto.

Para ilustrar, vamos entender o meu processo criativo.

Estou sempre alerta e lendo um pouco de tudo. De folheto evangélico a artigos científicos, eu quase nunca desperdiço um conteúdo. Quando vou malhar, ouço podcast; cheguei na agência, acesso os jornais (nacionais e internacionais); ao longo do dia vasculho o Facebook e Instagram para ver o que está rolando como trend; na TV, canais de notícias ficam sempre on.

O que fica disso tudo é o cansaço mental. (Brincadeira!). Mas é absolutamente impossível absorver com precisão tudo o que acesso. Entretanto, alguns assuntos me despertam uma curiosidade frente aos demais, e são esses os quais eu vou pesquisar um pouco mais.

Para produzir artigos eu vasculho portais, pesquisas e artigos na busca de dados e referências que embasem o meu pensamento. Após ler muito, faço então a minha própria narrativa, enviesado às minhas experiências com a temática. Trago algo novo? Na maioria das vezes não, mas ofereço o meu ponto com recortes sociopolíticos e culturais.

Apesar de todo pesar, a produção nova raramente vem como descoberta, mas sim como um novo olhar, aprofundamento de conteúdo ou questionamento ao status. Isso tem o seu valor, não à toa as pesquisas científicas concluem com proposições para novas abordagens.

Seja novo ou renovado, temos gerado conteúdos numa velocidade inimaginável, oferecendo voz e oportunidade para consumir experiências de diversas pessoas e em qualquer lugar do mundo. O que devemos então - e essa é a minha provocação de lugar comum - é desenvolver a capacidade crítica de intervir e questionar essas produções, estimulando maiores debates, exigindo credibilidade de fontes e contribuindo na renovação do olhar passivo perante a produção.

Se não podemos provocar inovações, que ao menos tenhamos a capacidade de dizer “sim, mas então o que você me oferece de autêntico?”.


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Rodrigo Almeida é Relações Públicas; Mestre em Gestão e Tecnologia; Diretor da agência CRIATIVOS | Instagram - @rodrigoalmeidarp

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